Passos de andorinha

O corpo se curva sob o peso
das décadas
traiçoeiras.
As mãos vigorosas riscam
acrobacias em pleno ar.
O olhar astuto finge nada ver
E mergulha albatroz
na nervura das pedras.
As pernas de uma infantil leveza
Arrastem passos de andorinha.
Vacilante como quem ensaia
A concretude da estrada
Segue a infante
dança ritmos incertos
de Uma melodia inaudível.
No rosto tantas travessias
Na alma inúmeras rachaduras
E no coração intacto
Às agruras
Verte um sangue vivo
De esperanças
Quando por instantes
O amor a sequestra
A menina frágil se embeleza
Recolhe as penas junto ao corpo
E varre os ares
Com voos de andorinha.