Permaneço
aqui
por inconveniência
Permaneço
aqui
por inconveniência
Se te amasse
eu me perderia?
Não correrei
risco.
Em certas noites
um anjo
acaricia meu rosto
alisa meus cabelos
e me amanhece.
Ele me diz;
– Não tardes!
o dia corre
célere
nas margens do tempo
exausto
morre
mais um dia.
quisera
não ter
o corpo fechado
insensível
às carícias
e os olhos cerrados
invisíveis
aos afagos
quisera
só por instantes
bastantes
voltar a crer
em quimeras.
Ah, queria
quisera!
Fora ontem
roubar-te-ia
fora antes
amar-te-ia
sem redomas
nem pudores.
Quem me devolverá o amanhecer que se perdeu entre névoas,
o orvalho destinado ao asseio das folhas
e o sol tímido de outono,
a amarelar meus olhos?