Não tenho
a serenidade das tardes
nem a promessa das manhãs
não sou
não sei
não quero
ter a previsibilidade
das estações.
Sou apenas
um meteoro louco
em busca de uma órbita.
Monthly Archives: May 2014
O mar me ama
Ciúmes
A noite enciumada
roubou dos meus braços
a tarde .
Tentou me seduzir
com promessas de
eternidade
com falsos brilhos
estelares.
A noite quis me
enluarar.
Recusei.
Reflexões
Ventos me outonam.
A tarde se debruça
em mim.
Anoiteço.
Aves tardias
nuvens perdidas
tentam me distrair.
Cerro as pálpebras
Escureço.
Por entre nuvens e brumas
Flutuas
por entre nuvens
e brumas sem fim.
Sem passaporte
navegas .
Cegas o espaço
quando te ausentas
de mim.
Opção
Sou só.
Não me envergonho.
Habito minha
solidão
como quem preserva
um castelo.
Não ouso trazer
ninguém
para conhecer
meus calabouços.
Não desejo companhia
para percorrer
minhas secretas
passagens.
Ser só
é minha opção
de vida.
Náufragos
Em meio à tempestades
vi-me expulsa
do útero sagrado.
Nadei, boei, sobrevivi.
Como um náufrago
me chegaste
e te ancoraste
em meus cabelos.
Recolhi teu desamparo
em meus seios
abriguei-te
na calmaria dos meus olhos.
Eu exilada do mar
tu excluído de territórios
assim vivemos
mareados.
providências
Das dores antigas
despi-me.
Em fios desfiz
os amores tardios.
Mágoas e rancores
varri-os
para bem longe
de mim.
Cortei os cabelos
alisei o vestido
descalcei os sapatos
e corri para assistir
ao despertar do dia.
Rebeldia
Eu evito
renego
minto
sufoco
grito
esperneio.
Não olho
nem vejo
não visto
não quero
dilacero.
Não há
nunca houve
jamais existirá.
Sou eu a gritar
loucamente
contra o amor.
Fuga
Um dia
sem avisar
eu fujo
pro mar.
Vou viver
de ventos e maresias
vou brincar
com as tempestades
e decorar
a tábua das marés.
Um dia,
eu juro
eu fujo
e viro concha
peixe,alga, gaivota
viro água salgada.
Vivo mar.