As coisas findas
uma vez
idas
não mais voltarão.
Da eternidade
não participam
na imortalidade
não vingam.
As coisas findas
murcham
silenciosamente.
Monthly Archives: December 2013
silêncio
Deixa dormir
o pouco
que restou.
Embala
as lembranças
entorna
as promessas
embriaga
o que era
para ter sido.
Acabou.
NÃO HÁ COMO NEGAR
Não há como negar.
Chovem abraços
e na tarde cálida
mãos esquálidas
me enlaçam.
Não há como negar
restam
esperanças
verdes
voláteis
sobre o cortinado
que envolve as janelas.
Não há como negar
mesmo a dor
escorre
como chuva
sobre as telhas úmidas.
para a estação vindoura
Fim de outono
saio
catando
as células
que perdi.
Recolho
sementes
galhos
folhas
para compor
o espantalho
que adornará
a horta
na estação
dos frutos.
Musgo
Um dia
viro musgo
crio raízes
me reinvento
planta.
Basta!
Cansa-me o mundo
monocromático
fotoshópico
globalizado
autoconsumível.
Basta
de padronizações!
Quero mergulhar
em todas as
diferenças
nadar nos róseos lagos
gastar-me
em miudezas.
Pelo caminho
e assim
vou-me deixando
lágrimas
essências
peles
penas!
Pelo caminho.
Dá-me tua mão
Vem
dá-me tua mão
segue-me.
Vou te revelar
o esconderijo
dos bichos de seda
verás como as abelhas
produzem o mel
e como se alimenta
o beija-flor.
Confia em mim
e descobrirás
onde se ocultam
as sementes
roubadas pelos pássaros
e como a terra
as recebe
em oferenda.
Vem comigo
que eu quero
te contar do
sacrifício das cigarras
e te lavar com
as primeiras gotas
de orvalho.
Vem dá-me tua mão
e me guia.
Aqui, acolá, além
Onde é meu lugar?
Indagam-me
as sombras
os vultos
os sonhos?
Não sei
Nem o meu
respondo-lhes.
Então vamos…
Devagar…
um dia,
saberemos.