Minha alma
irrequieta
vagueia
rasga escuros
invade escombros
habita cavernas
Minha alma
destemida
intimida precipícios
com sua imortalidade
Minha alma
intrusa permeia
espaços e corpos
Minha alma errante
precisa
repousar
Minha alma
irrequieta
vagueia
rasga escuros
invade escombros
habita cavernas
Minha alma
destemida
intimida precipícios
com sua imortalidade
Minha alma
intrusa permeia
espaços e corpos
Minha alma errante
precisa
repousar
Ah! a loucura
tanto
me assombrou
negros vultos
vozes roucas
vazios e curvas
Venci o medo
passeamos juntas
pela roda da fortuna
na não linear linha
de tempo
juntas rimos
e dançamos
até que exaustas
dormimos uma
nos braços da outra.
como restar-se
assim
tão desmerecida
de sonhos?
antes que a tarde
engravidasse
de escuros
eu me enluarei.
há uma esquina
uma ponte
e o mar
depois
o fim do mundo
a esquina me
isola da dor.
dá-me fome
dá-me sede
dá-me insônia
dá-me febre
e suores
dá-me frios e
ardores
dá-me muito
que o tempo
é curto.
Encanta-me
devolve à minha alma
o brilho das marés
rasga os véus
de brumas matinais
que escurecem
meus olhos
quebra o lacre vermelho
que encarcera
meu coração.
Encanta-me
com sonhos
mentiras
lonjuras
desvios
mesmo que doa
Preciso voltar
a sonhar.
Do mundo
quero apenas
o que puder levar:
cheiros e gostos
da infância
doces afagos
do mar
manhãs impressas
na retina
o entusiasmo
que precede os encontros
as pálidas lembranças
do toque amado
e a inacreditável leveza
de nada possuir